Filme "A Baleia" (2022),

Resenha do Filme A Baleia (2022, Darren Aronofsky)

No mundo da hipocrisia do politicamente correto, é óbvio que a produção do drama “A Baleia” (2022) seria marcada com o carimbo da gordofobia; tanto pelo título, quanto na forma realista e crua de mostrar a consequência devastadora à vida causada pela obesidade mórbida, doença crônica em que se encontra o personagem principal.


Inicio esta minha resenha crítica do filme “A Baleia” (The Whale, 2022) direcionando as luzes das ribaltas diretamente para o diretor Darren Aronofsky e sua coragem em dirigir mais um drama da sua filmografia peculiar, muitas vezes capaz de nos fazer pensar por dias sobre, quase sempre boquiaberto ao final da história e com uma lição de vida, neste drama uma doença crônica tão presente na vida humana do século XXI: a obesidade mórbida.

Charlie é o protagonista de “A Baleia”, personagem interpretado de maneira descomunal, visceral pelo até então ausente ator, Brendan Fraser. Este ressurgi ao cinema de forma triunfal e irreconhecível, outro profissional que merece quase que todo o mérito pelo sucesso desta perene obra da sétima arte, e porque não um soco no estômago para conscientizar dramaticamente o mundo sobre a obesidade.

Charlie (Brendan Fraser) sentado no seu sofá.
Charlie (Brendan Fraser) sentado no seu sofá.

Utilizando-me da figura de linguagem metafórica, Moby Dick sobrevive encalhado; à sua volta espalha-se uma abundante opção de alimentos calóricos, cercando-o à distância de um braço. O corpulento se move raramente, quando o faz – no caso de necessidade – é via movimentos parcos, sofríveis, devido a incapacidade de força física para sustentar a adiposidade crescente; tudo isso sob o teto de seu habitat escuro, limitado a quatro paredes.  

A figura de linguagem utilizada no parágrafo acima deste, nada mais é do que uma alegoria do decadente cenário em que se passa o filme e do moribundo personagem que se encontra afundado em seu sofá, vezes comendo, outras ministrando aulas de inglês à distância, comunicada aos seus alunos via áudio com a ausência proposital da câmera do notebook.

O filme já nos dá as boas-vindas com o impacto lastimável de Charlie se masturbando ao assistir a uma cena de pornô gay, interrompida por um gemido confuso de prazer misturado a dor, mas que pela mão ao peito a última opção seja a mais provável. Na continuação da cena anterior, rapidamente Charlie retira um texto de uma pasta e começa a lê-lo, logo o segundo personagem bate à porta e entra em cena, trata-se do jovem missionário Thomas (Ty Simpkins), este é encarregado a dar continuidade à leitura do texto capaz de acalmar o angustiante coração do protagonista.

Abro um parênteses aqui para mostrar o porquê utilizei Moby Dick para metaforizar o personagem e a situação em que se encontra. Moby Dick é o assunto da redação que serve como um alento para os momentos de princípio de infarto de Charlie, talvez a última lembrança a ter deste mundo antes de morrer. Não quero dar spoiler, mas essa redação – uma espécie de crítica do longínquo romance de Herman Melville – pode ser a motivação para o título do filme rotulado de gordofóbico. Na cena final da obra, a crítica sobre o gigante cachalote mais famoso dos mares jogará uma luz interpretativa em você e, principalmente, fará você ver o sentido que tem à vida de Charlie, assim ele também será capaz de ver a luz. Fecho parênteses.

Uma vez ou outra Charlie recebe a visita de sua única amiga – e enfermeira -, Liz (Hong Chau). As visitas de Liz resume quase sempre no monitoramento da pressão de Charlie, mas apesar de todo o cuidado dedicado ao recluso amigo, há um paradoxo quanto a isso, pois ela abre mão de dar a ele alimentos nada saudáveis como um pote imenso de frango frito, cena esta que ao ver causa um certo desespero, um passo largo rumo ao precipício.

Liz (Hong Chau) e Charlie (Brendan Fraser) assistindo TV.
Liz (Hong Chau) e Charlie (Brendan Fraser) sentados no sofá assistindo TV, enquanto este morde um pedaço de frango do balde.

A fotografia escura de Matthew Libatique ajuda a captar com potência a atmosfera enfadonha do ambiente em que a história é narrada. É triste de ver a rotina sofrível do protagonista. A lente do diretor Darren Aronofsky capta com perfeição angulos impactantes da obesidade mórbida do protagonista, neste ponto vale parabenizar também o trabalho da equipe de maquiagem.

É angustiante ver os passos de Charlie sustentado em seu andador, situações simples de mobilidade tornam-se complexos para ele, o esforço no breve movimento de agachar para pegar uma chave que caiu no chão torna-se impossível, dói de ver. As adaptações instaladas sobre a cama para ajudá-lo a se deitar antecipa em nós o sofrimento dele, uma luta diária.

Brendan Fraser deixa transbordar em seus olhos a dor existente na alma do personagem. De dor o ator entende, ele passou anos mergulhado em diversos problemas pessoais como cirurgias, divórcio, exploração midiática, morte familiar traumática e uma depressão que o fez se afastar por anos da  indústria cinematográfica.

De volta ao drama do filme, o passado  de  Fraser é confrontada nas visitas de sua filha, a jovem rebelde Ellie (Sadie Sink), esta possui um certo desprezo pelas atitudes passadas do pai, a relação dos dois não é nada amistosa, isso do lado da garota; ela o maltrata e o humilha, é a maneira que ela encontra para descontar tudo o que ele fez a ela e à mãe, abandono e traição são tatuagens marcadas para sempre na vida de Ellie.

Ellie (Sadie Sink) tira satisfação com Charlie (Brendan Fraser).
Ellie (Sadie Sink) nervosa tira satisfação com Charlie (Brendan Fraser) devido a redação que a reprovou na escola.

A forma ríspida da menina sobra até para o garoto Thomas, este chega à casa para tentar levar a palavra do Senhor Jesus Cristo e acaba que ninguém está interessado em ouvir o que ele tem a trazer de luz espiritual àquela casa tão escura e de ínfima luz. A pouca fé de todos se dilui por situações do passado, como é o caso da enfermeira Liz, o trauma dela é quanto à imposição dos pais adotivos para que ela frequentasse a igreja Nova Vida, por coincidência a mesma do missionário, e que também traumatizou a vida de Charlie.

Assim que entra em cena a reserva em dinheiro (herança) de Charlie e a sua ex-esposa, Mary (Samantha Morton), as verdades são reveladas e os diálogos entre os personagens se tornam calorosos e cheios de ressentimentos, a intensidade das discussões se dá entre todos, aqui é possível perceber que quando o dinheiro aparece, os interessados se transformam, neste momento quem mais sofre é Charlie e, inevitavelmente, se juntamos ao sofrimento dele nos momentos finais do filme.

A cena de compulsão alimentar de Charlie é aterrorizante, um prelúdio para o que virá, junto ao momento em que ele decide liberar a câmera e revelar a sua imagem aos alunos.  Antes desta cena, o estopim para a atitude de revelar a sua identidade foi aceso na última tentativa de Thomas em ajudá-lo, quando ele mostra uma passagem bíblica. Adiante,  as dores no peito se intensificam e o último encontro entre pai e filha revela o significado da redação sobre Moby Dick escrita por ela, na oitava série. Você vai no mínimo marejar os olhos quando ver o último esforço do gigante Charlie.

Liz, Ellie e Mary e Charlie discutem.
Liz, Ellie e Mary (Samantha Morton) olham para Charlie após Mary indagar a sua filha sobre o dinheiro que Charles ofereceu a ela.

O filme “A Baleia” (The Whale) insere na trama uma doença crônica que afeta milhões de crianças, jovens e adultos pelo mundo; existem pessoas sendo irresponsáveis ao romantizar a obesidade, há até influenciadora digital que o faça. O estímulo não deve ser à autoaceitação, mas sim à mudança de vida, construir um hábito saudável através de uma alimentação balanceada, da prática de exercícios físicos e, se possível, até na busca por ajuda psicológica.

Darren Aronofsky não titubeia ao retratar a obesidade sem fantasias, não pensa em agradar a hipocrisia do politicamente correto. Por aí é possível ver pessoas escrevendo e falando que “A Baleia” é um filme gordofóbica, preconceituoso, devido ao seu título e como é mostrado os perigos mortais que a obesidade pode trazer à vida. Chego a ser redundante quanto as precauções. Este longa-metragem é um alerta audiovisual para que as pessoas cuidem da saúde.

Um assunto tão sério deve sim ser demonstrado para chocar, para fazer as pessoas tiraram bunda do sofá e a cara da tela do smartphone e se exercitar. A Baleia é até um eufemismo diante dos malefícios que a obesidade mórbida traz à saúde. Repito aqui, a qualidade do filme é avassaladora, ainda mais com a irretocável atuação do renascido ator Brendan Fraser caracterizado sob a impactante maquiagem.

NOTA: Nota do crítico - 5 estrelas (excelente!)

 

Trailer

Pôster

Pôster do filme "A Baleia" (2022)

Curiosidades sobre A Baleia

  • Devido ao grande peso de seu personagem, Brendan Fraser teve que vestir um traje protético pesado para o papel, que ele usava por horas. Ele disse aos membros da mídia presentes no Festival Internacional de Cinema de Veneza (via Variety): “Desenvolvi músculos que não sabia que tinha. Tive até uma sensação de vertigem no final do dia, quando todos os aparelhos foram retirados; foi como sair do cais e entrar em um barco em Veneza. Essa [sensação de] ondulação. Isso me fez apreciar aqueles cujos corpos são semelhantes. Você precisa ser uma pessoa incrivelmente forte, mental e fisicamente, para habitar esse ser físico.”;
  • No Festival de Cinema de Veneza de 2022, Darren Aronofsky disse que levou dez anos para fazer este filme. Ele descreveu a escalação do papel principal de Charlie como o maior desafio, já que está sempre em busca de atores que estejam no período certo da carreira para interpretar o papel. As coisas só melhoraram quando ele viu o trailer do filme brasileiro “12 Horas até o Amanhecer” (2006), estrelado por Brendan Fraser; finalmente deu certo para o diretor quando ele imaginou Fraser como o protagonista, que já foi uma estrela de cinema extremamente popular, mas estava fora dos olhos do público há anos devido a uma série de contratempos pessoais, incluindo um divórcio;
  • Após sua exibição de estreia no Festival de Cinema de Veneza, o filme e o ator principal, Brendan Fraser, foram aplaudidos de pé por seis minutos; um momento, capturado pela câmera, que levou Fraser às lágrimas. Tanto os fãs de longa data quanto os críticos consideraram “A Baleia” (2022) um renascimento da carreira de Fraser após muitos anos de ausência das telas;
  • A jovem Ellie nas cenas de flashback é interpretada pela irmã mais nova de Sadie Sink, Jacey Sink;
  • Charlie é vagamente baseado no autor Samuel D. Hunter, que escreveu a peça homônima e a adaptação cinematográfica. Assim como Charlie, Hunter é abertamente gay, lecionou redação expositiva na Universidade Rutgers e lutou contra o transtorno da compulsão alimentar. Hunter observou que, antes de perder quase 60 quilos, as moças do caixa mal se esforçavam para ser gentis com ele, e as pessoas gritavam insultos contra ele na rua. Apesar das reservas iniciais sobre revisitar esse episódio sombrio de sua vida, Hunter acabou decidindo usar suas experiências de isolamento com a obesidade em sua peça;
  • Ao longo do filme, Charlie (Brendan Fraser) pede comida no “Gambino’s”, que na verdade é um restaurante italiano em Moscou, Idaho, onde o filme se passa. O roteirista Samuel D. Hunter cresceu em Moscou;
  • Para o papel, Fraser passou quatro horas por dia sendo equipado com próteses que pesavam até 136 kg. Ele também consultou a Obesity Action Coalition (OAC) e trabalhou com um instrutor de dança durante meses antes do início das filmagens para determinar como seu personagem se movimentaria com o excesso de peso;
  • Filmado em proporção de 4:3, proporcionando uma atmosfera confinada e quadrada que reflete os limites do apartamento de Charlie;
  • “The Whale” (A Baleia) foi o título original de publicação de “Moby Dick” de Herman Melville, referenciado no filme;
  • Durante os créditos finais podem ser ouvidos cantos de baleias;
  • O elemento de ensino on-line acabou sendo atual no contexto da pandemia de Covid-19, mas o filme se passa em 2016, antes da pandemia;
  • Baseado em uma peça teatral de mesmo nome;
  • O roteirista do filme, Samuel D. Hunter, serviu como dublê de digitação para Brendan Fraser;
  • Na peça original, os pregadores da New Life são, na verdade, mórmons. Há uma possível referência jocosa a esse fato na cena em que Ellie (Sadie Sink) encontra Thomas (Ty Simpkins) pela primeira vez e, ao saber que ele é um missionário, ela pergunta se ele é mórmon, o que ele nega e diz que prega para a Igreja da Nova Vida;
  • A redação de três linhas de Ellie com 17 unidades fonéticas – Este apartamento cheira mal. / Este notebook é retardado. / Eu odeio todo mundo. – é um senryu, uma forma de poesia curta japonesa, semelhante ao haicai, mas sem referência sazonal e com um tom mais cínico, geralmente enfatizando as fraquezas humanas. É possível ver Charlie contando as sílabas 5-7-5 em seus dedos enquanto lê as linhas do ensaio;
  • O primeiro filme filmado digitalmente de Darren Aronofsky;
  • Nenhum dos atores e atrizes que interpretaram os alunos on-line de Charlie é creditado;
  • As notícias que Charlie assiste na televisão detalham os resultados das primárias presidenciais republicanas de 2016, o que implica que o filme se passa no início de 2016. Donald Trump, Ted Cruz e Marco Rubio são mencionados nessas notícias;
  • A primeira direção de um longa-metragem de Darren Aronofsky em cinco anos, desde “Mãe!” (2017);
  • O primeiro filme de Darren Aronofsky distribuído pelo estúdio de cinema A24;
  • O diretor de fotografia Matthew Libatique teve apenas três semanas de preparação antes do início das filmagens;
  • Primeiro roteiro de filme escrito por Samuel D. Hunter;
  • Os ensinamentos da Igreja Nova Vida são inspirados nas Testemunhas de Jeová e nos Mórmons Fundamentalistas;
  • O elenco inclui um vencedor do Oscar: Brendan Fraser e dois indicados ao Oscar: Samantha Morton e Hong Chau;
  • George Clooney também considerou brevemente a possibilidade de dirigir o filme, mas acabou recusando;
  • Charlie usa uma ferramenta em forma de arpão para apagar a luz; os arpões eram usados para caçar baleias;
  • Sétimo filme a ganhar o Oscar de “Melhor Maquiagem” e um Oscar de papel principal (“Melhor Ator” ou “Melhor Atriz”). Os outros, na ordem são “Amadeus” (1984), “Piaf – Um Hino Ao Amor” (2007), “A Dama de Ferro” (2011), “Clube de Compras Dallas” (2013) (que também ganhou o prêmio de “Melhor Ator Coadjuvante”), “O Destino de uma Nação” (2017) e “Os Olhos de Tammy Faye” (2021). “Ed Wood” (1994) também ganhou os prêmios de “Melhor Maquiagem” e “Melhor Ator Coadjuvante”;
  • Os múltiplos de 12 são um tema recorrente no filme. Charlie diz que tem US$ 120.000 economizados (12 vezes 10.000). A quantia de dinheiro que Thomas roubou é de US$ 2.436 (12 vezes 203). Ele dá uma gorjeta de US$ 12 dólares a Dan (o entregador de pizza). Finalmente, quando Charlie resume as crenças da igreja New Life, ele diz que 144.000 pessoas devem ser salvas quando ocorrer o arrebatamento. Esse número é 12 vezes 12.000 e é mencionado no Livro do Apocalipse como o número de pessoas obtido pela reunião de 12.000 pessoas de cada uma das 12 tribos dos filhos de Israel. (O primeiro filme de Darren Aronofsky, “Pi” (1998), também envolveu conexões entre matemática e crenças religiosas);
  • Tom Ford foi originalmente escalado para dirigir e James Corden para estrelar;
  • Em algum momento, Charlie mistura o “poema” da filha com o “ensaio muito bom” quando sente que está morrendo;
  • O filme retrata com precisão o engasgo: nenhum som pode ser ouvido porque o ar não consegue passar pelas cordas vocais e sair;
  • Embora o filme seja ambíguo, o diretor Darren Aronofsky afirmou inequivocamente que pretendia que Charlie morresse no final, como faz com todos os seus personagens; a única exceção foi Noé em “Noé” (2014), a quem ele não pôde matar porque isso não aconteceu no material de origem, a Bíblia;
  • Em vez de um pai ver os primeiros passos de seu filho, a filha Ellie observa os passos finais de seu pai Charlie;
  • Três paralelos com o filme anterior de Darren Aronofsky, “O Lutador” (2008): 1) O protagonista tem um problema cardíaco grave. 2) Ele tenta consertar seu relacionamento com a filha que abandonou. 3) O filme termina de forma ambígua, permitindo que o espectador se pergunte se o protagonista morreu;
  • A Baleia (The Whale) mostra muitos mecanismos de enfrentamento diferentes, ou vícios, a maioria escondida dos outros personagens. Charlie come compulsivamente, Liz fuma cigarros, Ellie e Thomas fumam maconha e Mary fuma cigarros e bebe;
  • O versículo da Bíblia pelo qual Alan estava obcecado, e Thomas cita para Charlie, é de Romanos 8: 12-13:
12. Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne.
 13. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis,”
  • As últimas linhas do roteiro do filme dizem:

“Charlie dá um último passo. As ondas atingem seu nível mais alto. Pela primeira vez, Ellie sorri para Charlie.

ELLIE (CONT’D) ‘Este livro me fez pensar sobre minha própria vida, e então me fez sentir feliz por minha…’

Charlie olha para cima. As ondas se cortaram. Uma ingestão aguda de ar. O tiro é interrompido. Então: TERMINAR OS CRÉDITOS”.

Ficha técnica

Diretor: Darren Aronofsky.
Roteiro: Samuel D. Hunter.
Produtores: Darren Aronofsky, Tyson Bidner, Jeremy Dawson, Scott Franklin, Dylan Golden, Ari Handel, Brendan Naylor e Jeff Robinson.
Diretor de fotografia: Matthew Libatique.
Editor: Andrew Weisblum.
Design de produção: Mark Friedberg e Robert Pyzocha.
Figurino: Danny Glicker.
Cabelo e maquiagem: Nina Anton, Mandy Bisesti, Annemarie Bradley-Sherron, Judy Chin, Donald Francis, Chris Gallaher, Adrien Morot, Shane Shisheboran, Jean-François Simard e Kathy Tse.
Música: Rob Simonsen.
Elenco: Brendan Fraser, Sadie Sink, Ty Simpkins, Hong Chau, Samantha Morton, Sathya Sridharan, Jacey Sink, Allison Altman, Lance Oppenheim e Wilhelm Schalaudek.

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