Filme "Zona de Interesse" (2023), Jonathan Glazer.

Resenha do filme Zona de Interesse (2023, Jonathan Glazer)

Prepare-se e atenção ao assistir “Zona de Interesse” (‘The Zone of Interest’), pois neste filme nada é normal e o terror encontra-se nos detalhes, tudo (ou quase) que é posto em cena tem o seu significado. O diretor e roteirista Jonathan Glazer capta através das suas lentes a banalidade do cotidiano de uma família alemã nas dependências da casa em que residem, indiferentes de todos e de tudo o que acontece de mau (eufemismo diante da barbárie do Holocausto) ao redor. Eles são vizinhos do complexo de campos de concentração de Auschwitz-Birkenau.


A história por detrás de “Zona de Interesse” tem o roteiro adaptado por Glazer, em partes, no livro homônimo do escritor de origem britânica Martin Amis, lançado no ano de 2014, no dia 8 de agosto. Esta produção cinematográfica é um drama histórico que contou com a coprodução destes três países: Estados Unidos, Reino Unido e Polônia.

Para o entendimento da obra, o espectador deve prestar atenção aos detalhes e ao que cerca a casa impecável de jardim extenso, pois para muitos essas nuances do mal podem ser abstrusas diante do olhar desatento ou até da ignorância interpretativa dessas subjetividades. Do contrário, o filme vai parecer enfadonho e desinteressante, o que para mim soa como um mero desentendimento do contexto em que o filme é ambientado.

O patriarca e comandante de Auschwitz-Birkenau, Rudolf Höss, sua esposa Hedwig Höss (Sandra Hüller), filhos e familiares vivem em plena anormalidade absurda, cercados pelas atrocidades perpetradas a poucos metros da residência, uma situação digna de fazer estarrecer qualquer ser humano em sã consciência, menos a família Höss, que desfrutam a bel-prazer de uma casa de pompa com um quintal imenso, jardim repleto de flores coloridas e horta farta; uma piscina com água límpida, roupas caras, comida á vontade e empregados a servi-los, mesmo sabendo de tudo que se passa na “vizinhança”.

Enquanto a Família Höss se diverte em meio ao luxo, ao fundo uma nuvem de fumaça é expelida das chaminés de Auschwitz-Birkenau.

No mesmo cenário, pode-se escutar ao fundo, quase que onipresente, os chocantes ecos dos tiros mortais anteriores ou seguidos dos gritos de misericórdia e desespero vindos do famoso campo de concentração, instalado logo ao lado do lar da família Höss. Uma imagem de contraste impactante potencializado pela hipocrisia desumana. O som que se escuta durante este filme é um quesito perturbador que causa desconforto imediato no espectador – sentimento que vai e vem a todo momento.

O personagem central aqui é Rudolf Höss (interpretado por Christian Friedel), oficial alemão da SS nazista, sob a patente de comandante do campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial, onde serviu por dois anos e foi um dos responsáveis pelo projeto nazista denominado a “Solução Final”, plano genocida de Adolf Hitler contra os judeus.

Na ausência do som, as imagens criadas fazem seu trabalho com precisão e causam profundo impacto visual. Como exemplo disso, são várias as cenas em que no horizonte se vê a fumaça esvaindo para além das chaminés dos campos de concentração. Infelizmente e fatalmente, para a maioria dos prisioneiros dos campos de concentração nazista, a única maneira de sair daquele inferno era pela chaminé. 

As diversas referências colocadas inteligentemente em cena pelo diretor Jonathan Glazer sustentam o comportamento abominável encarado com uma naturalidade assustadora pelo casal, não há possibilidade alguma do natural – ou qualquer variação da palavra – existir nesse contexto complexo e mergulhado no ódio ao semelhante.

É perceptível enxergar nas entrelinhas de “Zona de Interesse” a representação audiovisual do conceito de “Banalidade do Mal”, criado por Hannah Arendt (filósofa política alemã de origem judaica), apresentado em seu livro “Eichmann em Jerusalém”, de subtítulo “um relato sobre a banalidade do mal”. Salvo raras almas, são maioria neste filme, os personagens que possuem total ausência de julgamentos morais, mesmo diante da realidade atroz instalada e acontecendo em larga escala para qualquer pessoa que tenha o mínimo de compaixão no coração.

Hedwig Höss mostra as flores coloridas do jardim para o seu bebê.
Hedwig Höss caminha com o seu bebê no colo enquanto lhe apresenta as variedades de flores coloridas plantadas no jardim da família.

Ao debruçar sobre os personagens, também aos seus devidos intérpretes e o quão estes fizeram bem feito o seu trabalho em tela, “rasgo elogios” aqui, sem titubear, à atriz de nacionalidade alemã Sandra Hüller, responsável por interpretar de maneira categórica a mulher do comandante nazista, Hedwig Höss. Hüller também teve papel de destaque e excelência interpretativa em outro filme lançado no mesmo ano de 2023, “Anatomia de uma Queda” (Justine Triet), produção em que deu vida à personagem protagonista, Sandra Voyter.

Antes de finalizar esta resenha crítica de “ Zona de Interesse”, seria um desaforo da minha parte não trazer mais que palavras, mas sim este parágrafo inteiro, para elogiar o trabalho eloquente do realizador Jonathan Glazer. Sob um olhar cinematográfico amplo, Glazer deixa o espectador tomar para si um posicionamento crítico quanto ao absurdo que ele assiste, característica que torna a sua obra ainda mais relevante frente a um tema tão complexo e difícil de contar.

Assim como no início do filme, a tela fica toda na cor preta e ao fundo o som fantasmagórico abrindo passagem para a música ambiente, uma técnica sensorial aplicada também no final, porém neste com o tempo de tela menor. As últimas cenas anteriores à tela preta, são editadas e mescladas com as imagens do próprio filme (o passado) e com as filmagens reais de Auschwitz-Birkenau (o presente), hoje transformado o “Memorial e Museu Auschwitz Birkenau, local de importância histórica, onde encontra-se preservada a memória do Holocausto e o sofrimento de inúmeras pessoas vítimas da maldade perpetrada pela Alemanha nazista.

Rudolf Höss fuma um churuto debruçado na grade de sua sacada.
Como um “anjo da morte”, Rudolf Höss fuma um charuto na sacada, enquanto ao fundo o cenário onipresente de Auschwitz.

O filme “Zona de interesse” é um longa-metragem britânico indigesto e que ao mesmo tempo destrói o chão sob os nossos pés. Uma história real adaptada para o cinema que infelizmente remete a um dos momentos mais cruéis da recente história do mundo. Mesmo diante de inúmeros registros analógicos e digitais disponíveis sobre os períodos das duas únicas (espero) Guerras Mundiais (1914 – 1918 e 1939 – 1945), parece que as pessoas deste mundo caótico e polarizado caminham por uma inimaginável Terceira Guerra Mundial. 

Felizmente, o bem sempre persistirá neste mundinho de seres minúsculos como este que por aqui está de passagem, pois o mau é real e se faz atuante e sedutor a todo momento, por meios diversos, inclusive pelo meio humano, como é o caso da história retratada neste filme em destaque. Nele estão presentes exemplos ativos e passivos à maldade, nada compatível à essência de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus Pai todo poderoso.

Inté, se Deus quiser!

NOTA: Nota do crítico - 5 estrelas (excelente!)

 

Trailer

Pôster

Pôster do filme "Zona de Interesse" (2023)

Curiosidades sobre Zona de Interesse

O conteúdo abaixo contém espoiler!

  • Alexandria, a jovem polonesa que deixa maçãs para os prisioneiros famintos, tinha 90 anos quando conheceu Glazer e morreu pouco tempo depois. A bicicleta que o filme usa e o vestido que a atriz usa pertenciam a ela;
  • A Sra. Höss descreve para suas amigas que recebeu um casaco do “Canadá” enquanto zombava de outra mulher que achava que ela se referia ao país soberano; Kanada era, na verdade, o nome dado em Auschwitz ao vasto depósito de mercadorias confiscadas dos prisioneiros;
  • O som da rotação constante de um motor de motocicleta invisível, ouvido à distância várias vezes durante as cenas externas, é um fato da vida real. O personagem principal do filme, o comandante de Auschwitz Rudolf Höss, contratou uma pessoa apenas para acelerar o motor a fim de ofuscar o horror dos gritos e tiros vindos do campo;
  • Devido à configuração não convencional de várias câmeras, Glazer e sua equipe tinham mais de 800 horas de filmagem bruta no início do processo de edição;
  • O diretor Jonathan Glazer usou até cinco câmeras fixas na casa e no jardim, sem nenhuma equipe visível, para capturar muitas cenas, de modo que os atores não sabiam se estavam sendo filmados em close-up ou em plano geral. Eles estavam totalmente imersos na cena e gostaram de trabalhar nesse ambiente realista;
  • Em entrevista à Vanity Fair em 2023, Jonathan Glazer falou sobre a origem na vida real da personagem menina que deixa comida para os prisioneiros durante a noite e detalhou o processo de filmagem dessas cenas com uma câmera térmica: “Essa menina está interpretando uma mulher, Alexandra, que conheci quando ela tinha 90 anos. Quando comecei a ir para Auschwitz e comecei a pensar neste filme, obviamente tudo com que você está lidando é escuro como breu. Os horrores de tudo isso são muito opressivos até de se pensar, e houve muitos momentos durante a evolução deste projeto que senti que não poderia continuar porque não passava de escuridão. Um amigo e um dos co-produtores, Bartek Rainski, começou a pesquisar pessoas que ainda viviam naquela área, que estavam vivos na altura – e na verdade alguns deles eram crianças que eram basicamente partidários, trabalhando com um movimento de resistência chamado AK que era uma espécie de resistência polonesa. Eles gerenciavam documentos e compartilhavam informações dentro e fora dos campos. Por serem crianças, eram menos suspeitadas. Conheci uma senhora e ela me contou sua história, que é o que você vê no filme: Quando menina, ela trabalhou em uma mina de carvão, mas não estava na mina. Ela era uma polonesa local, não judia, que morava na região e se sentiu compelida a fazer o que podia pelos prisioneiros. E parte do que ela fazia era deixar comida para eles em canteiros de obras à noite, onde ela corria menos perigo do que obviamente correria durante o dia… Falamos sobre o filme ser visto pelas lentes do século XXI. Tratava-se de garantir que todas as câmeras fossem tão nítidas e sem adornos quanto possível, sem usar luzes. Não usamos iluminação de filme – e, como resultado, você está trabalhando dentro das limitações que você mesmo estabeleceu. Então você tem uma cena como esta: Aqui está uma garota à noite, em 1943, em um canteiro de obras que estava cheio de trabalho escravo durante o dia. Como você vai vê-la se não pode usar luzes? Não há luz ambiente em nenhum lugar próximo que possa justificar. Lukasz Zal e eu conversamos sobre como poderíamos vê-la. Na verdade, tudo se resumia a: Qual é a única ferramenta existente que nos permite ver algo que nossos olhos não conseguem? Era uma câmera térmica. Em seguida, fizemos uma longa e difícil jornada por essa tecnologia para capturar essa sequência. Você não está vendo luz registrada aqui. Está vendo o calor ser registrado. Suponho que seja uma mudança bastante dramática nas imagens em relação a tudo o que você viu até essa sequência, mas ela é apresentada com a mesma intenção, com o mesmo compromisso com o dogma das ferramentas e lentes do século XXI. É o tempo presente. A estética segue os fundamentos do filme – há algo muito bonito e poético no fato de que é calor, e ela brilha. Isso reforça a ideia de que ela é uma energia”;
  • Sir Martin Amis, autor do romance original, morreu em 19 de maio de 2023, no mesmo dia em que o filme teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Cannes;
  • O título é uma expressão usada pelo Terceiro Reich para se referir à área de 40 quilômetros quadrados ao redor de Auschwitz;
  • Mica Levi gravou uma trilha sonora muito mais longa para o filme, mas Jonathan Glazer decidiu dispensar a música durante a maior parte do filme e, em vez disso, confiar no design de som para retratar os horrores fora da tela que ocorrem em Auschwitz;
  • Rudolf Hoess, ex-comandante do campo de concentração de Auschwitz, foi executado por enforcamento em 16 de abril de 1947. Após ser julgado e condenado à morte pelo Supremo Tribunal Nacional da Polônia, Höß foi enforcado em uma forca construída do lado de fora da entrada das câmaras de gás em Auschwitz, o mesmo local onde ele supervisionou o assassinato de milhões de pessoas durante o Holocausto;
  • A jovem polonesa do filme é inspirada em uma mulher chamada Alexandria, que Glazer conheceu durante sua pesquisa. Quando tinha 12 anos e era membro da resistência polonesa, ela costumava ir de bicicleta ao campo para deixar maçãs para os prisioneiros famintos. Como no filme, ela descobriu uma peça musical escrita por um prisioneiro;
  • Embora a casa da família Höß tenha sido recriada para o filme, a cena no porão ocorre no porão que de fato pertencia à verdadeira casa da família Höß;
  • O cachorro da família no filme é interpretado pelo cachorro de estimação de Sandra Hüller;
  • O roteiro de Jonathan Glazer é apenas vagamente baseado no romance “A Zona de Interesse”, do autor britânico Sir Martin Amis. O livro provocativo de Amis é bastante diferente em muitos aspectos, pois conta uma trama fictícia de “história de amor” a partir de três perspectivas, usando uma linguagem artificial e até cômica, criada para alienar o leitor. Amis também usa apenas nomes fictícios para seus personagens, mesmo que a família histórica Höss tenha sido obviamente uma inspiração;
  • Sandra Hüller havia prometido nunca interpretar um nazista, pois acredita que quando os atores fazem isso, sempre tentam torná-lo glamouroso. O diretor Jonathan Glazer a convenceu do contrário com um papel nada glamouroso, mas foi uma filmagem muito desafiadora para ela;
  • O filme foi gravado durante o verão de 2021, principalmente próximo a Auschwitz, na Polônia. A equipe queria filmar na verdadeira casa de Höss, mas ela estava em mau estado e, como o campo é um Patrimônio Mundial da UNESCO, nenhuma construção pode ser feita dentro ou ao redor dele. Assim, eles procuraram um plano B e escolheram um prédio abandonado muito próximo ao acampamento, que poderia ser consertado e adaptado às necessidades da produção. Eles começaram a plantar as árvores em abril de 2021 para garantir que o jardim estivesse pronto para a filmagem;
  • Para obter a aparência destacada necessária para o filme e evitar criar qualquer beleza nas tomadas, ele foi filmado principalmente com ângulos amplos e muito pouca gradação de cores foi feita, para que a câmera parecesse um olho. Além disso, quase tudo foi filmado com luz natural, ou quando não era possível, como nas cenas noturnas, uma câmera térmica foi usada para minimizar a malandragem do filme;
  • O prisioneiro chamado Joseph Wulf sobreviveu ao campo e foi uma das primeiras pessoas a documentar as atrocidades do Holocausto, uma causa à qual dedicou sua vida;
  • Jonathan Glazer não queria que as atrocidades que ocorriam dentro do campo fossem vistas, apenas ouvidas. Ele descreveu o som do filme como “o outro filme” e “indiscutivelmente, *o* filme”. Para isso, o designer de som Johnnie Burn compilou um documento de 600 páginas contendo eventos relevantes em Auschwitz, depoimentos de testemunhas e um grande mapa do campo para que a distância e os ecos dos sons pudessem ser determinados adequadamente. Ele passou um ano construindo uma biblioteca de sons antes do início das filmagens, que incluía sons de máquinas de manufatura, crematórios, fornos, botas, tiros com precisão de época e sons de dor humana. Ele continuou a construir a biblioteca durante as filmagens e a pós-produção. Como muitos dos recém-chegados a Auschwitz na época eram franceses, Burn obteve suas vozes de protestos e tumultos em Paris em 2022. Os sons dos guardas bêbados de Auschwitz foram obtidos na Reeperbahn, em Hamburgo;
  • Em determinado momento da filmagem, Jonathan Glazer tinha cerca de dez câmeras instaladas, e Johnnie Burn usava cerca de trinta microfones para capturar os atores sem interferência;
  • Inscrição oficial do Reino Unido na categoria “Melhor Longa-metragem Internacional” para o 96º Oscar (2024);
  • Este é o primeiro filme do diretor Jonathan Glazer em língua não inglesa;
  • Um dos dois filmes estrangeiros indicados ao Oscar de “Melhor Filme” em 2023, sendo o outro “Anatomia de uma Queda” (2023). Isto marca a primeira vez que dois filmes internacionais em língua estrangeira foram indicados para “Melhor Filme” no mesmo ano e também a primeira vez que dois filmes em língua estrangeira receberam cinco ou mais indicações ao Oscar cada um no mesmo ano. Ambos os filmes também apresentam Sandra Hüller;
  • Steven Spielberg chamou-o de “o melhor filme do Holocausto que testemunhei desde o meu”;
  • O projeto de forno mostrado durante o filme é um forno Hoffman oval, cujo nome vem do engenheiro Friedrich Eduard Hoffmann, que o inventou em 1858. O projeto foi apresentado pela primeira vez em Berlim e foi revolucionário no setor de produção de tijolos, a ponto de seu uso se espalhar por vários outros países no final do século XIX. O forno Hoffman foi projetado para funcionar ininterruptamente com qualquer tipo de combustível, inclusive carbono;
  • Há 2 minutos e 15 segundos de tela preta após o título. Posteriormente, a tela fica vermelha por 20 segundos;
  • Theodore Kotulla já fez um filme em 1977, adaptado do livro de Robert Merle, e contando a história do diretor do campo de extermínio de Auschwitz, Rudolph Höss, sua vida privada, vida familiar;
  • O filho mais novo batendo na bateria – uma referência satírica ao romance de Günter Grass, adaptado no filme “O Tambor” (1979);
  • O final do filme – em que um dos arquitetos do Holocausto tenta vomitar de horror, mas não consegue – é idêntico ao final do documentário “O Ato de Matar” (2012), de Joshua Oppenheimer, que retrata os líderes de uma campanha brutal de limpeza étnica na Indonésia;
  • Segundo Justyna Szklarska, que interpreta a jardineira da casa, o sangue nas botas que ela lavava era sangue verdadeiro.

Ficha técnica

Diretor: Jonathan Glazer.
Roteiro: Jonathan Glazer e Martin Amis.
Produtores: Reno Antoniades, Daniel Battsek, Len Blavatnik, Danny Cohen, Ke’Lonn Darnell, Bugs Hartley, David Kimbangi, Ollie Madden, Magdalena Malisz, Ewa Puszczynska, Bartek Rainski, Tessa Ross, James Wilson.
Diretor de fotografia: Lukasz Zal.
Editor: Paul Watts.
Design de produção: Chris Oddy.
Figurino: Malgorzata Karpiuk.
Cabelo e maquiagem: Waldemar Pokromski, Tomasz Sielecki e Miroslawa Wojtczak.
Música: Mica Levi.
Elenco: Christian Friedel, Sandra Hüller, Johann Karthaus, Luis Noah Witte, Nele Ahrensmeier, Lilli Falk, Anastazja Drobniak, Cecylia Pekala, Kalman Wilson, Medusa Knopf, Max Beck, Slava the Dog, Andrey Isaev, Julia Babiarz, Stephanie Petrowitz, Martyna Poznanski, Zuzanna Kobiela, Benjamin Utzerath, Thomas Neumann, Klaudiusz Kaufmann, Justyna Szklarska, Kacper Piwko, Marie Rosa Tietjen, Antje Falk, Jakub Sierenberg, Joerg Sierenberg, Joerg Giessler, Heiko Lange, Marek Lukasik, Bernhard Schirmer, Julia Polaczek, Shenja Lacher, Imogen Kogge, Wiktoria Wisniewska, Paulina Burzyk, Anna Marciniszyn, Agnieszka Wierny, Patryk Mika, Tomasz Piwko, Carsten Koch, Heinz Nielow, Christine Schröder, Marnius Fislage, Ralph Herforth, Daniel Holzberg, Rainer Haustein, Daniel Hoffman, Wolfgang Lampl, Oscar Lebeck, Christian Willy, Freya Kreutzkam, Leo Meier, Barbara Koszatka, Izabela Bara, Anna Kuwik, Mariola Karczewska, Halina Drzymota, Dominika Matonóg, Ewelina Kaczor, Matgorzata Zurek, Barbara Jakubowska, Etzbieta Bronka, Zuzanna Janusik, Sascha Maaz e Ralf Zillmann.

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