Filme "Anatomia de uma Queda" (2023), Justine Triet.

Resenha do filme Anatomia de Uma Queda (2023, Justine Triet)

A anatomia aqui é a “de uma queda” e não a confunda com a “de um crime”, vide obra atemporal dirigida por Otto Preminger, em 1959, ‘Anatomia de um Crime’. No entanto, se você assistiu ao filme desta resenha, “Anatomia de uma Queda” (‘Anatomie D’une Chute’), você sustentaria qual destas versões: que a queda se deu de uma ação suicida, de um acidente ou de uma ação criminosa? Acompanhe-me em mais uma resenha crítica e tire suas próprias conclusões quanto ao veredito final após a leitura.


Uma família composta por três pessoas morando há pouco tempo em um chalé localizado em um lugar remoto cercado por montanhas, em meio a um cenário bucólico sob o branco da neve. Dentro da nova residência estão: o filho Daniel (Milo Machado-Graner) dando banho no seu cachorro “Snoop”; no cômodo inferior, a mãe Sandra Voyter (Sandra Hüller) recebe a visita de uma estudante que a entrevista para sua tese acadêmica e em um quarto localizado no andar superior (sótão), o pai Samuel Maleski (Samuel Theis) trabalha em uma reforma. De repente, do andar de cima, inicia uma música em loop com o volume ao extremo, o que impossibilita o andamento da entrevista, adiando-a para um outro dia e local.

Do lado de fora da cabana, Daniel sai para passear com o seu cão-guia (o menino perdeu quase 100% da visão em um acidente) e ao retornar, encontra o pai caído no chão coberto de neve, morto e envolto do seu próprio sangue, abaixo da janela aberta do cômodo onde trabalhava antes do filho sair. Logo a suspeita da morte de Samuel atinge sua esposa Sandra, já o filho do casal enfrentará um dilema moral como sendo a única testemunha, em companhia de seu cachorro.

Ao avistar Samuel caído no chão, Snoop dá um solavanco na coleira fazendo com que Daniel se desequilibre.
O cachorro Snoop vê o corpo de Samuel caído e ao sair em disparada provoca um tranco na coleira fazendo Daniel desequilibrar.

O cenário, a dinâmica e os personagens de “Anatomia de uma Queda” contribuem para um enredo atrativo à atenção do espectador. A comprovação de sua eficiência é vista já nas subjetividades construídas nos primeiros minutos como a música alta por parte do marido, o flerte da esposa na estudante e o incômodo do filho inserido nesse ambiente barulhento. Mais interessante ainda é encontrar um longa-metragem contemporâneo que ilustra em imagem e som uma história estruturada sobre um roteiro com diálogos intensos, longos (característica dos filmes franceses) e que exploram temas variados e complexos.

Os responsáveis pelo roteiro desta premiada produção mantêm um relacionamento amoroso na vida real e profissionalmente trabalharam juntos nesta obra cinematográfica, Justine Triet dirige o longa sobre um roteiro co-escrito por ela e Arthur Harari. A parceria entre o casal deu tão certo que capacitou o filme para concorrer em cinco categorias do Oscar 2024 e foi laureado com a estatueta de “Melhor Roteiro Original”. Outra conquista foi no “Festival de Cinema de Cannes” , a produção conterrânea levou o prêmio máximo, a prestigiada “Palma de Ouro” (‘Palme d’or’). 

Boa parte do filme se passa no tribunal em meio às acusações e defesas disparadas como uma submetralhadora Thompson por um promotor geral (Antoine Reinartz) sagaz e incisivo em suas conjecturas. O homem não poupa ninguém das suas indagações ásperas e quase sempre direcionadas em um tom intimidador, nem mesmo o inocente Daniel escapa de ser interrogado pelas perguntas do promotor e suas contestações pontuais.

A complexidade em saber a verdade sobre a origem da queda que levou Samuel ao precoce encontro com a morte, põe em posições opostas até mesmo as análises técnicas baseadas nas evidências encontradas no local e examinadas pelos especialistas chamados pela corte, situação em que cada uma das partes contratadas expõem suas teorias por meio de reconstituições demonstradas em imagens animadas e maquete física. São pontos de vista interessantes, no entanto, trata-se de mais um combustível à dúvida que intensifica ainda mais a fumaça sobre a verdade de fato.

A vida da família é revirada de cabeça para baixo pelas autoridades responsáveis durante o processo. No tribunal também são divulgadas gravações que revelam a todas as pessoas presentes no julgamento uma briga violenta entre o casal Sandra e Samuel, dias antes da tragédia, apresentadas de última hora por um conhecido da vítima; ainda tem um áudio da conversa entre Sandra e a estudante (que também depõe no caso) no dia do ocorrido trágico. Essas gravações encontradas eram realizadas por Samuel como material para a escrita de um novo livro.

Sandra e seu advogado (Vicent) observam apreensivos a reconstituição
O Advogado Vicent e sua amiga e cleinte Sandra observam apreensivos o trabalho de reconstituição da polícia.

É interessante notar como todas as falas, ou a maioria delas, são construções de narrativas pretensiosas, estruturadas e ensaiadas com o intuito de mascarar mentira e verdade ao mesmo tempo, trata-se aqui de um jogo de narrativas difíceis, mas não impossíveis, de desmascarar. No filme é perceptível a habilidade de comunicação dos principais personagens ativos no processo, tanto do lado da acusação (promotor) quanto do lado da defesa (Sandra e advogados).

Vê-se no filme que a juíza (Anne Rotger) do caso tem uma atitude desigual referente à liberdade de expressão de ambos, a fala da promotoria é bem menos repreendida em comparação às argumentações pelo lado da defesa, há nesse caso um desequilíbrio na balança da Justiça que inevitavelmente coloca a defesa contra a “parede de fuzilamento verbal”.

É por mérito ressaltar a qualidade da edição de Laurent Sénéchal, mesmo que simples, a sua importância é relevante para a história e sua aplicação não poderia ser mais criativa para o contexto em que os flashbacks estão inseridos na história. Dois momentos em que a edição faz a diferença acontece em situações cruciais para o rumo do julgamento: a primeira é a gravação de áudio revelada por um conhecido de Samuel e a segunda trata-se do depoimento derradeiro do filho (Daniel) com a conversa que ele teve com o pai.

A conversa citada no final do parágrafo anterior, é um testemunho de extrema importância para o veredito do caso. No púlpito, diante do microfone, Daniel reproduz frente à juíza a conversa que teve com o pai no dia em que juntos foram de carro levar o cachorro (Snoop) da família para o veterinário. Daniel passa a entender que tudo o que o pai falava naquele dia, sobre as qualidades do cachorro e a importância do animal para a vida do filho, era referindo-se, metaforicamente, aos cuidados que ele mesmo (como pai) tinha com o filho. Na mesma conversa, vem à tona o tema morte, oportunidade que o pai aproveita para “preparar” Daniel à perda inesperada que ele estava prestes a enfrentar, o provável suicídio do próprio pai (Samuel).

O promotor gesticula veementemente em sua fala, sendo observado ao fundo pela juíza do caso.
Em primeiro plano o promotor expressa sua fala em gesto enérgico diante da juíza, que em segundo plano o observa sentada à sua cadeira.

Dentro da história a diretora Justine Triet sabiamente faz uso de símbolos, à primeira vista, discretos à atenção da maioria, porém se o filme for visto com calma e foco, os detalhes serão perceptíveis. Podemos tomar conhecimento das ambiguidades colocadas em cenas e também na característica dos personagens, a exemplo do cachorro Snoop e do garoto Daniel: o primeiro é um personagem animal que detém um ponto de vista peculiar e silencioso, talvez o único a testemunhar o que de fato ocorreu, além de ser ponto em comum entre os membros da família; o segundo possui uma deficiência visual que o deixa quase cego, o que se assemelha ao símbolo da Justiça, a deusa de olhos vendados que tem (ou deveria ter) como alguns dos propósitos, a não distinção, a imparcialidade e a objetividade.

Diante dos símbolos, metáforas e narrativas inseridas em meio ao caos de revelações de uma tragédia familiar, podemos ter uma noção da complexidade de tudo isso, do dilema moral em que os pais expõem o garoto Daniel, ao mesmo tempo que encara a dor do luto de perder o pai, tendo ainda como agravante de testemunhar a mãe no banco dos réus enfrentando um julgamento. Enfim, “A Anatomia de uma Queda” coloca em discussão o quanto somos incapazes de conhecer a verdade de uma pessoa, seja ela a mais íntima dos seres, não importa o tempo de convívio.

Daniel é um personagem que vale à pena ser visto de perto, o jovem ator Milo Machado-Graner consegue como gente grande amadurecer o seu personagem ao longo dos acontecimentos, diante de suas dores e aflições sua responsabilidade vai aos poucos moldando sua personalidade e preparando-o para o seu derradeiro ato. Pode-se acompanhar essa evolução e independência quando ele se senta ao piano para dedilhar uma música, seja em momentos com a mãe ou sozinho. É por meio desse instrumento que também pode ser captado o clima do momento, o ritmo em que o toque sensível de Daniel transfere ao teclado, determina o seu estado emocional.

O diálogo final entre Sandra, a mãe, e Vincent Renzi (Swann Arlaud), o seu advogado de defesa, causa um certo desprezo diante da hipocrisia dos roteiristas em não consumar o caso íntimo entre os amigos de longa data. O lenga-lenga do casal no final do filme mostra o quanto o luto não faz (se é que em algum momento fez) parte da vida de Sandra, mesmo após um ano da morte de Samuel. Uma vez encerrado o processo, Sandra questiona a ausência de recompensa (só faltou ela pedir tapete vermelho, confetes e serpentinas) e diz não estar aliviada – agora resta saber se esse último sentimento refere-se a absolvição (o que já seria uma baita recompensa) ou a morte do ex-marido.

Infinitas são as dúvidas que surgem a todo tempo. “Anatomia de uma Queda” nos mostra muito além da dúvida, vemos aqui versões e narrativas construídas a todo momento para encobrir uma mentira ou para sustentar uma verdade. Seria a arte imitando a vida? A verdade é uma só, absoluta em si mesma. As verdades e valores morais não permitem relativismo. Da verdade:  “…e conhecereis a verdade e a verdade vos livrará”, João 8:32. Da mentira: “(…) Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” João 8:44. Pode-se aprender neste mundo secular a conviver com a dúvida para o próprio bem e paz com os irmãos, no entanto, jamais se acostume com ela; em hipótese alguma abdique da busca pela verdade.

Inté, se Deus quiser!

NOTA: Nota do crítico: 4 estrelas (ótimo)

 

Trailer

Pôster

Pôster do filme "Anatomia de uma Queda" (2023)

Curiosidades sobre Anatomia de uma Queda

O conteúdo abaixo contém espoiler!

  • Por seu papel como Snoop, o border collie Messi foi premiado com o “Palm Dog” no Festival de Cinema de Cannes de 2023;
  • ‘P.I.M.P.’ não foi a primeira escolha para a música. Era para ser ‘Jolene’ de Dolly Parton, mas a equipe de Dolly Parton não lhes deu os direitos de tê-la no filme. Cenas específicas de diálogos que posteriormente analisavam a letra daquela música tiveram que ser retiradas do roteiro;
  • O editor mencionou que o filme deixou de ser muito interessante quando a personagem de Sandra estava se tornando muito inocente ou muito culpada, ou muito manipuladora. O principal desafio da edição foi o arco de ambiguidade de sua personagem;
  • Foi difícil acertar a bola quicando pelas escadas no início do filme. Eles precisavam que a bola não quicasse muito rápido e saísse do quadro, então a mergulharam em uma cola própria para cães para diminuir a velocidade da bola;
  • Justine Triet escreveu o filme para Sandra Hüller. Esta é a segunda colaboração deles depois de “Sibyl” (2019);
  • O discurso de aceitação da “Palma de Ouro” de Justine Triet no “Festival de Cinema de Cannes” de 2023 foi fortemente crítico às políticas culturais do governo francês e à sua resposta violenta às manifestações sobre a reforma da previdência. Isso causou um grande alvoroço na França e foi recebido com muita frieza pelo governo francês. Quando chegou a hora de anunciar a candidatura francesa ao Oscar de “Melhor Longa-metragem Internacional”, todos imaginaram que “Anatomia de uma Queda” seria naturalmente selecionado, pois tinha todos os atributos de uma ótima candidatura: um filme aclamado pela crítica com resultados impressionantes de bilheteria, uma prestigiosa Palma de Ouro e todo o reconhecimento que vem com ela, muitos diálogos em inglês, facilitando a venda no mercado norte-americano, um tema sério, mas muito moderno, ótimas atuações etc. Portanto, quando “O Sabor da Vida” (2023) foi selecionado para concorrer, muitas pessoas suspeitaram que Justine Triet estava sendo punida por seu discurso;
  • O ator que interpretava Daniel, o filho, foi muito difícil de encontrar. Os produtores e o diretor o procuraram por quatro meses, sem sucesso. Eles tiveram que procurar novamente por mais três meses até encontrarem Milo Machado-Graner. O jovem ator passou a fazer aulas intensivas de piano para se preparar para as filmagens;
  • Sandra Hüller aprendeu francês para este filme;
  • Como o filme trata da busca pela verdade, os roteiristas não permitiram nenhum flashback real. Os únicos dois flashbacks do filme, a briga e a viagem de carro até o veterinário, são vistos pelo público por meio do uso de áudio na sala do tribunal, seja uma gravação de áudio ou uma lembrança vocal;
  • Vencedor da Palma de Ouro no 76º Festival de Cinema de Cannes. É o terceiro filme dirigido por uma mulher a receber o prêmio, ao lado de “Titane” (2021), de Julia Ducournau, e “O Piano” (1993), de Jane Campion. É também o 100º filme a receber a Palma de Ouro ou o prêmio máximo equivalente no “Festival de Cinema de Cannes” (embora tenha sido apenas o 76º Festival, os primeiros anos receberam de 5 a 11 vencedores e vários festivais ao longo dos anos tiveram empates para este prêmio);
  • Sandra Hüller disse que o roteiro original incluía uma cena de sexo entre sua personagem Sandra e seu advogado Vincent, mas a cena foi descartada porque tanto Hüller quanto a produtora do filme, Marie-Ange Luciani, acharam a cena “sem graça”. “Havia uma cena de amor real no filme, podíamos ver o caso deles, e ela disse: ‘Por favor, não faça isso, é tão anos 80’, o que é verdade. Por que as pessoas sempre têm que provar que se amam indo para a cama uma com a outra? É tão sem graça!”, disse Hüller à Variety;
  • No Festival de Cannes de 2023, a expectativa era de que Sandra Hüller ganhasse o prêmio de melhor atriz, que lhe escapou há sete anos com “As Faces de Toni Erdmann” (2016). No entanto, Anatomia de uma Queda foi escolhido para o prêmio principal, e um filme só pode ganhar um dos prêmios principais;
  • Em uma entrevista ao Deadline em 2023, Justine Triet falou sobre a importância do cachorro no filme: “Acho que a ideia desse cachorro estava muito presente na semente original do filme. Sempre ficou claro para nós que o cão seria tratado como um ponto de vista, por si só. E que seu olhar e, eu ia dizer, sua personalidade – não é exatamente isso, mas que seu status como observador seria o elo, de alguma forma, entre os diferentes membros da família. E também o fato de que ele provavelmente é o único que realmente viu o que aconteceu… Isso foi algo que descobrimos no início, por meio da edição, que a falta de julgamento do animal era talvez a coisa mais próxima que poderíamos ter de algo que representasse e refletisse a complexidade da situação.
  • E, em um tom mais egoísta, eu realmente adoro trabalhar com animais. Por causa do desconforto que eles me causam e da maneira como sua presença traz de volta para mim, e para todos, o absurdo do trabalho que estamos tentando fazer. Isso nivela e diminui a seriedade de nossa profissão. O cão não pode deixar de olhar para a câmera, não pode ser levado a compreender desta forma o que está em jogo neste faz-de-conta. Isso é sempre uma adição real à dinâmica do set.”
  • Por sua atuação em “Anatomia de uma Queda”, Sandra Hüller tornou-se a terceira atriz alemã a ser indicada ao Oscar de “Melhor Atriz” e a primeira atriz alemã a ser indicada desde Luise Rainer em 1937;
  • Embora o roteiro tenha sido escrito pensando em Sandra Hüller como protagonista, Samuel Theis foi escalado para o elenco depois de escrito. O fato de ele e seu personagem terem o mesmo nome é uma coincidência;
  • Uma versão instrumental de P.I.M.P. de 50 Cent – com a participação de Snoop Dogg – abre o filme, e o primeiro personagem a aparecer é um cachorro chamado “Snoop”;
  • Justine Triet escreveu isso ao lado de seu parceiro Arthur Harari;
  • Justine Triet é a oitava mulher indicada ao Oscar de Melhor Diretor, depois de:

Lina Wertmüller – “Pasqualino Sete Belezas” (1975);

Dame Jane Campion – “O Piano” (1993) e “Ataque dos Cães” (2021);

Sofia Coppola – “Encontros e Desencontros” (2003);

Kathryn Bigelow – “Guerra ao Terror” (2008);

Greta Gerwig – “Lady Bird: A Hora de Voar” (2017);

Emerald Fennell – “Bela Vingança” (2020);

Chloé Zhao – “Terra Nômade” (2020).

  • Desses oito, apenas Campion (por ‘Ataque dos Cães’), Bigelow e Zhao ganharam;
  • Jehnny Beth, que interpreta Marge Berger no filme, é conhecida na indústria musical por seu trabalho com sua banda Savages;
  • Todas as cenas do cachorro “Snoop” foram filmadas em 20 dias consecutivos;
  • Um dos dois filmes estrangeiros a serem indicados ao Oscar de “Melhor Filme” em 2023, sendo o outro “Zona de Interesse” (2023). Essa é a primeira vez que dois filmes internacionais em língua estrangeira são indicados ao prêmio de “Melhor Filme” no mesmo ano e também a primeira vez que dois filmes em língua estrangeira recebem cinco ou mais indicações ao Oscar no mesmo ano;
  • Depois que a atriz Jane Fonda anunciou que a diretora Justine Triet havia ganhado a “Palma de Ouro” no Festival de Cannes de 2023 por esse filme, Triet fez seu discurso de agradecimento e saiu do palco para a arquibancada próxima, onde o resto de sua equipe estava esperando. Mas ela esqueceu seu prêmio, um certificado de papel enrolado, no pódio. Fonda o pegou e tentou chamar a atenção de Triet para entregá-lo a ela, mas, em meio à empolgação, Triet não percebeu. Depois de mais algumas tentativas, Fonda jogou o certificado na direção de Triet. Fonda levantou as mãos em sinal de resignação e a multidão riu junto com ela;
  • Por seu trabalho em “Anatomia de uma Queda”, Justine Triet se tornou a primeira cineasta francesa e a oitava diretora a ser indicada ao Oscar de “Melhor Diretor”;
  • O site oficial da mk2 Films (agente de vendas internacional da ‘Anatomia de uma Queda’), listou o alemão entre os idiomas do filme antes mesmo de o filme ser lançado, mas o lançamento nos cinemas não contém nenhum diálogo em alemão. Apenas francês e inglês são falados no filme. Segundo a distribuidora norte-americana do filme, Neon, 59% do filme é falado em francês. No entanto, a personagem de Sandra Hüller fala principalmente inglês. Ela só fala um pouco de francês em algumas cenas antes de voltar para o inglês. A única menção ao diálogo alemão no roteiro disponibilizado online durante a campanha “para sua consideração” da temporada de premiações de 2024 está na página 51, quando um fotógrafo tira fotos de Sandra, seu filho e seu cachorro no chalé que será lançado na Alemanha, e Sandra e o fotógrafo trocam algumas falas em alemão. No roteiro, essas falas foram escritas em francês, mas essa cena não foi incluída na versão final;
  • “Anatomia de uma Queda” é um dos dois filmes indicados para “Melhor Filme” no 96º Oscar que contém menções proeminentes a Snoopy, o amado personagem canino da clássica história em quadrinhos de Charles Shultz, “Peanuts”. Neste filme, o adorado collie preto e branco de uma criança (um cachorro que desempenha um papel fundamental na trama) é chamado de “Snoop”, uma homenagem à coloração semelhante do beagle das histórias em quadrinhos. Em “Maestro”, Leonard Bernstein (Bradley Cooper) pega um dos bonecos de pelúcia Snoopy de seus filhos no início de uma cena que também mostra um balão gigante do Snoopy flutuando pela janela de seu apartamento durante a parada anual do “Dia de Ação de Graças” da Macy’s;
  • A diretora não disse a Sandra Hüller se sua personagem era inocente ou culpada. Em vez disso, ela disse a Hüller para agir como se fosse inocente;
  • No início de 2024, durante a preparação para o Oscar, Messi (o cão que interpretou ‘Snoop’) participou de vários eventos de imprensa e aparições públicas. Em um artigo da Variety de fevereiro de 2024, Jenelle Riley descreveu uma coletiva de imprensa pouco ortodoxa na qual Messi e sua treinadora, Lauren Martini-Contini, apareceram. Durante a coletiva de imprensa, Messi demonstrou vários truques – não apenas movimentos típicos de cães treinados, como latir sob comando e sentar-se, mas também a cena de Anatomia de uma queda em que Snoop quase morre. Riley escreveu: “para recriar a cena… Martin-Contini deu a Messi a ordem de deitar-se de lado. Sua língua saiu da boca e seus olhos permaneceram abertos. . . Tentei levantá-lo – ele é muito mais pesado do que você imagina, mas não importava o que eu fizesse, Messi não se movia. Quando já estava ficando muito difícil para eu testemunhar, Martin-Contin deu o comando e Messi se levantou, perfeitamente bem.” Messi também participou do almoço dos indicados ao Oscar, onde muitas das estrelas indicadas o cumprimentaram (e acariciaram);
  • Todas as testemunhas do sexo masculino favorecem a acusação: o primeiro perito em sangue, o psiquiatra, o gendarme (policial). Por outro lado, todas as testemunhas femininas favorecem a defesa: a estudante, a segunda perita em sangue. A exceção é, claro, o jovem Daniel, cego como símbolo da Justiça;
  • A trilha sonora, limitada a 4 peças, incorpora um forte simbolismo.
  • “P.I.M.P.”, da Bacao Rhythm & Steel Band, está ligada a Samuel e é ouvida três vezes: no início, durante a reconstituição do crime e no julgamento. É alta, assustadora e agressiva.
  • “Asturias”, de Isaac Albéniz, está ligada a Daniel. Em contraste com “P.I.M.P.”, ela é suave e lenta. Ela representa a evolução técnica e psicológica de Daniel: um ano após a tragédia, ele a toca muito melhor do que da primeira vez.
  • O “Prélude” de Frédéric Chopin está ligado a Sandra e Daniel. Ele é ainda mais suave e lento. Ele representa como Daniel amadurece progressivamente e se torna independente de sua mãe. Quando Daniel toca “Asturias”, Sandra vem e começa o “Prélude”: Daniel então toca com ela. Depois, ele toca sozinho: ele se tornou mais autônomo.
  • Uma variação desse “Prélude” encerra o filme: Depois disso, Daniel desenvolverá totalmente sua própria personalidade.

Ficha técnica

Diretor: Justine Triet.
Roteiro: Justine Triet e Arthur Harari.
Produtores: Marie-Ange Luciani, Philippe Martin e David Thion.
Diretor de fotografia: Simon Beaufils.
Editor: Laurent Sénéchal.
Design de produção: Emmanuelle Duplay.
Figurino: Isabelle Pannetier.
Cabelo e maquiagem: Olivier Afonso, Aurélie Cerveau e Aude Thomas.
Música: Thibault Deboaisne.
Elenco: Sandra Hüller, Swann Arlaud, Milo Machado-Graner, Antoine Reinartz, Samuel Theis, Jehnny Beth, Saadia Bentaïeb, Camille Rutherford, Anne Rotger, Sophie Fillières, Messi, Julien Comte, Pierre-François Garel, Savannah Rol, Ilies Kadri, Vincent Courcelle-Labrousse, Cécile Brunet-Ludet, Nesrine Slaoui, Antoine Buéno, Anne-Lise Heimburger, Wajdi Mouawad, Sacha Wolff, Kareen Guiock Thuram, Arthur Harari, Marie Brette, Christophe Devaux, Jefferson Desport, Nola Jolly, Emmanuelle Jourdan, Isaac Abballah, Judicaël Ajorque, Nicholas Angelo, Marie-Laure Aumis, Laura Balasuriya, Alexandre Bertrand, Jean-Pierre Bertrand, Cécilia Bongiovanni-Lefebvre, Jean-Claude Calbet, Florent Chasseloup, Sandrine Chastagnol, Betty Desmier, Justine Dulary, Philippe Jubien, Cyril Karenine, Maud Martin, Romaric Maucoeur, Fabien Perrot, Christophe Léon Schelstraete e Rose Thibault.

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