Pegue sua caixa de lenço de papel e coloque no braço da poltrona, ou do sofá, porque o choro ao assistir o filme “Sete Vidas” (Seven Pounds), de 2008, é quase que inevitável, no mínimo seus olhos vão ficar marejados, pois a história está centralizada em um tema delicado, complexo e urgente, o suicídio.
Ben Thomas (Will Smith) encontra-se em estado de depressão com o peso da angústia do sentimento de culpa devido a um acidente ocorrido por um descuido dele, sete pessoas foram mortas, incluindo sua noiva Sarah Jenson (Robinne Lee). Submerso em culpa e quase afogada na depressão, Ben tentará redimir-se da tragédia automobilística doando sua vida literalmente para outras sete vidas selecionadas a dedo por ele. Na procura por essas sete pessoas, o protagonista conhecerá Emily Posa (Rosario Dawnson), esta surgirá como uma esperança de vida para Ben.
Em “Sete Vidas”, do diretor italiano Gabriele Muccino, lançado no final de 2008, somos espectadores da vida do protagonista Ben Thomas; acompanhamos o personagem e seus diversos flashbacks com a sua mulher, intercaladas com imagens terríveis do acidente do qual ele carrega o fardo da culpa. Em uma dessas recordações, Ben sai do trabalho para ir jantar com Sarah Jenson, ao encontrá-la em sua casa de veraneio, ela reclama, zangada, do atraso dele e diz ser sempre a mesma história, sempre o trabalho. No fatídico dia da tragédia, o trabalho novamente entra em cena fora do expediente; agora com uma mensagem no celular, seguido do acidente.
Essa tragédia leva Ben a viver isolado de todos – inclusive de seu irmão (Michael Ealy) – afundando dia a dia na depressão. Impossibilitado de enxergar qualquer sentido para a sua vida, o personagem vivido por Will Smith se passa por agente da receita com as credenciais de seu irmão, assim ele tem acesso ao sistema do qual faz uso para selecionar os sete nomes que ele irá ajudar, claro que a seleção será feita com alguns critérios a ser julgados, um deles é a dignidade.
Ao meu ver, Ben parece brincar de Deus, pois ele entende ceifar o seu bem divino, a vida, e escolher, baseado em seus critérios, quem merece uma chance de prolongar sua estadia nesta terra de pecados em que você e eu vivemos. A depressão é uma doença psiquiátrica que afeta o emocional de maneira decadente, capaz de abalar várias áreas da vida humana, sem os cuidados e remédios corretos negligenciados, a pessoa entra na espiral do pensamento suicida, até o ponto em que a única forma de acabar com o sofrimento e cessar a própria vida.
O diretor Gabriele Muccino nos faz pensar que ao Ben conhecer Emily, esta será capaz de fazer com que o protagonista desista do seu plano suicida. O monitoramento de Ben à vida de Emily faz com que a relação dos dois se estreita ao amor mútuo, sentimento que culmina em um jantar à luz de velas em uma noite chuvosa, finalizada debaixo dos lençóis. O gênero drama sai de cena e cede espaço para o gênero romance, mas logo retorna ao primeiro com a decisão desesperada de Ben em levar adiante o seu plano autodestrutivo.
Mesmo com a declaração de amor de Ben para Emily, seu plano não vai por água abaixo mesmo com o breve romance. Sob a chuva, ele liga para o seu amigo de infância – seu advogado e seu cúmplice – Dan (Barry Pepper), para informá-lo que a hora de doar o seu coração chegou. Em seguida vemos a triste cena do plano mortal sendo executado em uma banheira repleta de cubos de gelo e com a nostálgica criatura mais mortal do planeta (segundo o pai de Ben), uma medusa.
Apesar do ato paradoxal de Ben Thomas para com seu amor relâmpago Emily Posa, este filme provoca a discussão quanto ao ato cuidadoso e premeditado à vista de ser uma maneira de redenção do protagonista. Os temas tão sensíveis como a depressão e o suicídio, podem ser ambos vistos e analisados sobre a lente da psicologia e da convicção religiosa.
Viktor Frankl, neuropsiquiatra austríaco e fundador da terceira escola vienense de psicoterapia (Logoterapia e Análise Existencial) concluiu que existem duas motivações básicas para não cometer suicídio: o sofrimento que o ato deixará para pessoas próximas (família) e, no âmbito religioso, o medo de ir para o inferno.
As pessoas ajudadas pelo personagem de Will Smith foram: o seu irmão (Michael Ealy), Holly (Judyann Elder), Connie (Elpidia Carrillo), Nicholas / Menino careca (Quintin Kelley), George Ristuccia (Bill Smitrovich), Ezra (Woody Harrelson), Emily (Rosario Dawson). Sobre um olhar superficial e romantizado, essa atitude parece ser louvável, humano, um paradoxo quanto demonstrar amor ao próximo; entretanto, ao meu ver, Ben deixa marcas difíceis de superar nas pessoas que passaram em sua vida, e que o ama, principalmente o seu irmão e o seu amigo: o primeiro por não ter tomado uma atitude diante dos comportamentos estranhos, já o segundo por saber desde o princípio da tragédia que estava por vir.
Não sou a pessoa especialista para aprofundar nesta discussão sobre a depressão e seus agravantes – neste caso, o ápice da doença -, o suicídio. Quanto a resenha crítica do filme “Sete Vidas”, é uma história interessante, que vale a pena assistir. Na minha análise crítica, há questões técnicas da produção que mereciam um cuidado maior, porém vale destacar a atuação de Will Smith. No entanto, quem merece as luzes da ribalta é a atriz Rosario Dawson, ela soube dramatizar sua personagem sem exageros e vícios, a sensibilidade introduzida à personalidade da personagem a preencheu de vida, apesar de seu coração doente.
É bom você se preparar seu emocional, pois a presença do lenço de papel (uma caixa, se possível) é indispensável, já alertei você no início deste texto. O sentimento quanto ao personagem principal passa da compaixão à raiva em poucos minutos, principalmente nos últimos. Quando tudo parece caminhar para o que você imagina, a surpresa lhe suepreende com um balde de água fria, literalmente.
CVV – Centro de Valorização da Vida
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NOTA: 
Trailer
Pôster
Curiosidades sobre Sete Vidas
- Ben (Will Smith) se hospeda no Travel Inn em Los Angeles, Califórnia. Esse hotel foi usado anteriormente em “Amnésia” (2000);
- A casca da banana é um bom fertilizante porque é rica em potássio. A água-viva pode ser mortal porque seu veneno causa uma deterioração celular que faz com que as células vazem potássio, o que pode levar à parada cardíaca;
- O filme permitiu a Will Smith abordar um assunto que sempre o fascinou de uma perspectiva diferente: como os homens superam seus traumas? Como eles continuam a viver quando tudo está dando errado?;
- Tom Hanks fez o teste para o papel de Bem;
- Will Smith acha que o filme é uma história de amor moderna diferente de todas as outras e elogiou o diretor Gabriele Muccino por ser um mestre em relacionamentos humanos;
- O diretor Gabriele Muccino foi atraído pela história porque ela fala de uma misteriosa jornada pessoal que é, de fato, uma verdadeira declaração de amor. Ele acha que a história conta a história de um homem consumido pelo remorso e pela dor de ter perdido um ente querido, que se vê frente a frente com a coisa que menos esperava, a oportunidade de começar de novo, de viver uma nova vida, e que a história é instigante, ousada, tocante e cheia de emoção. Por isso, ele acredita que somente Will Smith poderia ter sido capaz de dar tanta força ao filme;
- O nome do personagem de Woody Harrelson é Ezra, que em hebraico significa “ajuda” ou “assistência”, sugerindo os eventos no final do filme;
- Ben ajuda sete pessoas diretamente: Tim, Holly, George, Connie, o jovem Nicholas, Ezra e Emily. Se você contar Inez, a mulher idosa que Ben manda lavar, ele ajuda oito pessoas. Ela não fazia parte do plano de Ben, e seu nome não estava em sua lista;
- Will Smith escolheu Michael Ealy para interpretar seu irmão no filme;
- O personagem de Woody Harrelson, Ezra, é vegano. Na realidade, Harrelson também é vegano. Da mesma forma, Rosario Dawson (Emily Posa), uma vegetariana, descobre que seu cachorro do filme, Duke, também segue uma dieta vegetariana;
- Woody Harrelson interpreta Ezra Turner, um vendedor de carnes. Anteriormente, ele interpretou outro vendedor de carne, Mickey Knox, em “Assassinos por Natureza” (1994);
- Will Smith se juntou ao projeto como astro e produtor em junho de 2006, enquanto Gabriele Muccino o seguiu mais de um ano depois, em setembro de 2007. Quanto a Rosario Dawson e Woody Harrelson, ambos entraram no projeto em dezembro de 2007;
- Will Smith e Rosario Dawson apareceram juntos anteriormente em “Homens de Preto II” (2002);
- Para trabalhar neste filme, o desenhista de produção J. Michael Riva inspirou-se na “beleza” e no “lirismo” de “O Escafandro e a Borboleta” (2007) e “As Coisas da Vida” (1970);
- Emily diz a Ben que os Dogues Alemães vivem em média 7 anos e têm problemas cardíacos. Essas declarações sugerem os resultados do filme;
- O primeiro roteiro de longa-metragem produzido por Grant Nieporte;
- Mike Tyson afirmou em sua autobiografia que levou uma de suas namoradas de programa para ver o filme. Anos depois, Mike serviu ao lado de Will Smith e Lennox Lewis como carregador de caixão no funeral de Muhammad Ali;
- Will Smith e Robinne Lee atuaram juntos anteriormente em “Hitch – Conselheiro Amoroso” (2005);
- Visto da censura italiana nº 102287 entregue em 2 de janeiro de 2009;
- O título é uma referência à peça de William Shakespeare “O Mercador de Veneza”, na qual o comerciante Antônio concorda em dar ao agiota Shylock uma libra de sua carne se sua dívida não for paga no prazo. Sete é o número de “dívidas” na trama. Com exceção de Connie, todas as “dívidas” são literalmente pagas em carne;
- O bilhete na banheira diz: “Não toque na água-viva! Leve-me ao hospital imediatamente!”;
- Nos primeiros minutos do filme, Ben Thomas (Will Smith) diz: “Em sete dias, Deus criou o mundo, e em sete segundos eu destruí o meu”. Mais adiante no filme, enquanto Ben e sua esposa estão dirigindo pela estrada, são necessários sete segundos desde o momento em que Ben tira os olhos da estrada até o momento em que ocorre o acidente de carro;
- O filho de Tom Cruise, Connor Cruise, interpreta uma versão mais jovem de Ben Thomas;
- A decisão de Ben no decorrer do filme é dupla: dar a Emily Posa seu coração;
- Apesar de interpretar seu irmão mais velho na tela, Michael Ealy é na verdade 5 anos mais novo que Will Smith na vida real.
Ficha técnica
Diretor: Gabriele Muccino.
Roteiro: Grant Nieporte.
Produtores: Molly Allen, Todd Black, David J. Bloomfield, Chrissy Blumenthal, Jason Blumenthal, David Crockett, James Lassiter, Tracey Nyberg, Domenico Procacci, Will Smith, Ken Stovitz e Steve Tisch.
Diretor de fotografia: Philippe Le Sourd.
Editor: Hughes Winborne.
Design de produção: J. Michael Riva.
Figurino: Sharen Davis.
Cabelo e maquiagem: Pierce Austin, Howard Berger, Shutchai Tym Buacharern, Martha Callender, Leonard Drake, Connie Grayson Criswell, Myke Michaels, Judy Murdock, Greg Nicotero, Brian Penikas, Justin Stafford, Alicia M. Tripi, Renee J. Vaca, Lindsay Vivian, Kevin Wasner e Natasha Ladek.
Música: Angelo Milli.
Elenco: Will Smith, Rosario Dawson, Woody Harrelson, Michael Ealy, Barry Pepper, Elpidia Carrillo, Robinne Lee, Joe Nunez, Bill Smitrovich, Tim Kelleher, Gina Hecht, Andy Milder, Judyann Elder, Sarah Jane Morris, Madison Pettis, Ivan Angulo, Octavia Spencer, Cynthia Rube, Jack Yang, Quintin Kelley, Louisa Kendrick, Fiona Hale, Amanda Carlin, Connor Cruise, David Haines, Casey Morris, Audrey Wasilewski, Sonya Eddy, Charlene Amoia, Todd Cahoon, Rich Hutchman, Michael Spellman, Dale Raoul, Steve Tom, Jora Senane, Rob Figueroa, Kevin Cooney, Nadia Shazana, Markus Flanagan, Leif Rogers, Gaspar Uriarte, Nichole Ambriz, Lee von Ernst, MaShae Alderman, Francisco Aragon, Yeniffer Behrens, Melissa Bickerton, Skylan Brooks, David Burrus, Lydia A. Butler, Will C., Stephanie Campbell, Karla Elizondo, Michelle Faraone, Gladis Giada, Geoffrey Gould, Sam Gros, Daniel Joseph, Christopher Judd, Spencer Kayden, Aaron Jay Kenny, Tina King, J. Kristopher, Biz Markie, Meghan Marshall, Ivo Nandi, Mark Newsom, Bojana Novakovic, Robert Ochoa, Ryan Ochoa, Gary Rodriguez, Kylee Russell, V.S. Russell, Cosby Siringi, Terrance Thomas, George F. Watson, Jon Morgan Woodward e Lisa Yaro.